Os Orixás na Umbanda - Trono da Lei

 O Trono da Lei é regido pelos orixás Ogum e Iansã e ambos são importantes para que a lei e a ordem prevaleçam em harmonia divina. O trono da lei é o trono responsável pelo exército celeste e guardião dos procedimentos dos seres vivos em todos os sentidos.

Orixá OGUM

Ogum é sinônimo de Lei Maior, Ordenação Divina e Retidão. É unigênito e gerado na qualidade Ordenadora do Divino Criador.
Denominado de "O Senhor dos Caminhos", porque é sinônimo da Lei e da Ordem. Ele tanto aplica a Lei quanto ordena a evolução dos seres, não permitindo que alguém tome uma direção errada.

Na linguagem Iorubá, grupo étnico-linguístico da África Ocidental, Ogum significa guerra.

Sua personalidade é dura e justiceira, aquele que vem para executar a Lei. É duro e inflexível e poucos são os que desafiam o seu poder.

No sincretismo religioso, Ogum representa São Jorge, principalmente no Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. Na Bahia, Ogum é representado por Santo Antônio.

É um defensor de seus filhos e está sempre disposto a nos ajudar e a defender uma causa justa.
Ogum é o Orixá que abre caminho. Ele afasta a desordem e o caos e corta a atuação de energias negativas, tudo a partir do equilíbrio íntimo das pessoas, perante a Lei Divina.
Ogum é Orixá da guerra, da coragem e da proteção. Protege templos, casas e caminhos. 
Orixá lutador, sua força e garra inspiram a lutar contra aqueles e aquilo que nos desafia. Nossas batalhas externas e internas.
Ogum também é considerado o senhor do ferro, da guerra, da agricultura e da tecnologia.

Ogum possui diferentes arquétipos / qualidades, que podem ser identificadas em sua personalidade, dons e formas de agir:

Ogum Akoró: com coroa e roupa de mariwó (*), toma conta da casa de Oxalá e é ligado a Oxossi
Ogum Mejé: ligado a Exú, toma conta das 7 entradas do Irê (**)
Ogum Wáris: ligado a Oxum e requintado, é ferreiro de metais dourados
Ogum Oniré: senhor do Irê (**), filho de Oniré (***)
Ogum Amené: ligado a Oxum, possui uma conta verde clara
Ogunjá: na África recebe cães como oferenda e está ligado a Iemanjá
Ogum Alagbedé: orixá dos ferreiros, ligado a Iemanjá
Oriki ou Osin Imole: “primeiro orixá a vir para a Terra”
(*) Mariuô (em iorubá: Mariwô), chamado de igi opê pelo povo do santo, é a folha do dendezeiro, de nome científico é Elaeis guineensis, desfiado, utilizado nas portas e janelas dos terreiros de candomblé. O mariuô é consagrado a Ogum, assim, é muito comum vê-lo nos assentamentos e nas vestes deste Orixá.
(**) Irê era um reino pequenino, cercado por sete vilarejos, distante 22 Km a nordeste de Ado (a capital de Ekiti). Irê fica em uma região arborizada, com aproximadamente 460 m, de altitude. Hoje, é uma das 21 cidades que compõem o Estado de Ekiti, na Nigéria
(***) Oni significa senhor, e Iré tem aldeia como significado.

Os filhos de Ogum custam a perdoar as ofensas dos outros. São apreciadores das novidades tecnológicas, são pessoas curiosas e resistentes, com grande capacidade de concentração no objetivo em pauta; a coragem é muito grande. 
São líderes natos, valentes, impetuosos, destemidos, e quando colocam alguma coisa na cabeça dificilmente alguém consegue tirar.
Não são muito exigentes na comida, no vestir, nem tão pouco na moradia, com raras exceções.
A cor de Ogum na Umbanda é o vermelho e branco, no Candomblé é o azul escuro, branco e o verde. 
Seu dia da semana é terça-feira. Suas ervas mais conhecidas são a Espada de São Jorge e Comigo-Ninguém-Pode.  A espada é seu principal símbolo. 

Suas oferendas são o inhame e o feijão preto. Muitos templos fazem a famosa Feijoada de Ogum anualmente para homenageá-lo.
Suas frutas são: Mamão, laranja doce, maracujá doce, banana, uva rosada, maçã, graviola, abacate, carambola, limão, romã, melão, pitomba, seriguela, lima da pérsia, cereja, ameixa, coco, morango, marmelo. E as flores são cravos vermelhos, palmas vermelhas e palmas branca, crista-de-galo e açucena rajada.

Sua saudação é “Ogunhê, Meu Pai”, que significa Salve, Meu Pai Ogum e seu dia de homenagem é 23 de abril.




Orixá IANSÃ

O orixá Iansã é uma divindade que traz como principal característica o domínio das forças da natureza, tendo como representação de seus poderes a energia do fogo e do ar, movimentando os ventos e trazendo as tempestades. Assim, traz a ideia da intensidade pelo movimento da energia da Terra.
Iansã é uma orixá guerreira, associada à guerra e às batalhas das histórias que originam as religiões africanas. Iansã também tem muito presente a mensagem da paixão, usando a intensidade do amor para conseguir suas conquistas. Por fim, também é incumbida da comunicação com os mortos.

Iansã é uma Orixá que teve seu culto nascido na Nigéria, mais especificamente nas margens do Rio Niger. 
Pode também ser conhecida como Oyá, seu nome original, que quer dizer “A mãe do céu rosado”, pois ela seria tão bela quanto o entardecer.

Sua qualidade é direcionadora de tudo o que existe. É a força móvel que direciona a Fé, a Justiça, a Evolução, a Geração, a Agregação e a Lei.

Ogum é a Lei, a via reta, mas Iansã é o próprio sentido de direção da Lei, pois ela é o mistério que só entra na vida de um ser caso a direção que ele esteja dando a sua evolução não seja a linha reta traçada pela Lei Maior. Por isso, ela não depende de nós para entrar nas nossas vidas e nos colocar novamente no caminho reto. 

Iansã representa o movimento, o fogo, a necessidade de mudança e de deslocamento. A rapidez de raciocínio, a coragem, a lealdade, a franqueza, as transformações materiais, os avanços tecnológicos e intelectuais e a luta contra as injustiças. 
Auxilia no despertar da consciência e no equilíbrio das ações humanas.

Na natureza, Iansã tem o domínio sobre os ventos, furacões, raios e chuvas torrenciais. Já na espiritualidade, Iansã tem a regência sobre a condução dos mortos até o portal entre o mundo material e o espiritual. 
Quando o corpo é entregue de volta ao barro de Nanã, é Iansã, quem conduzirá o espírito, em seus ventos e tempestades, até o plano superior. Por isso, na espiritualidade, é ela quem domina e conduz os eguns, espíritos recém desencarnados. Estes são entregues a ela pelas mãos de Obaluaê, que, por sua vez, rege o desencarne. 
Além disso, quando ela passa com suas ventanias, recolhe, assim, os espíritos que devem seguir em direção ao mundo espiritual (Orun). Ela faz, então, uma grande limpeza de todos os males, maldades e energias ruins que encontra. E leva, assim, tudo para longe da terra. Não há mal que fique onde Iansã passa com seus ventos e tempestades. Ou seja, não há mal que essa Orixá Guerreira não possa, então, vencer. 
Por isso, Iansã é uma das mais poderosas Orixás para realizar a limpeza espiritual. Ou de quem se encontra em apuros devido a questões espirituais e energéticas, ou de quem quem foi alvo de espíritos zombeteiros e trevosos. 
Promove, assim, uma total renovação dos caminhos dessa pessoa e um despertar da consciência e do equilíbrio de suas ações.

Os filhos de Iansã são como ela: livres e independentes, não dão nenhuma importância à opinião alheia. Amam a natureza, adoram viajar, são alegres e gostam de diversões. Audaciosos, poderosos e autoritários como ela, não aceitam afrontas e encaram qualquer desafio prontamente.
Os filhos dessa orixá, estão ligados a atos impulsivos, as grandes tormentas espirituais, que precisam de muita energia e coragem para serem controladas e vencidas. 

As cores de Iansã são o amarelo e o vermelho.

Na Igreja Católica, Iansã corresponde a Santa Bárbara. 

O dia do ano de Iansã cai em 4 de Dezembro. Nesse dia, são levadas pelas pessoas oferendas em seu nome, como velas, espadas e flores amarelas, para saudar a orixá guerreira.

As oferendas a Iansã compreendem flores amarelas e velas da mesma cor, que são de sua cor principal. Também é possível oferecer à orixá espadas, como as de São Jorge, mas com as bordas amarelas.
O acarajé, tão famoso e consumido principalmente na Bahia, é o alimento de Iansã e, em muitos lugares, é feito um agradecimento a ela, antes de comê-lo. Além disso, também são feitas bebidas doces e frutas, principalmente as amarelas, como o melão. O melhor local para entregar as oferendas são em bambuzais ou pedreiras.

A saudação mais comum a Iansã é Eparrêi Iansã, da língua Iorubá, que significa um olá com admiração.
Assim, ao pedir bênçãos para Iansã, inicia-se as intenções com essa saudação, o que demonstra profundo respeito pela entidade e o que aumenta a conexão com o plano divino e com as energias da orixá.

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