Frequentando o terreiro

Depois que descobri que a Umbanda era minha religião, o meu lugar e que fazia meu coração pulsar,  passei a frequentar o terreiro, Templo de Umbanda Mamãe Oxum e Caboclo Trovão, localizado na Rua Inhamuns, 43 na Vila Ema, São Paulo, nas giras de todas as sextas feiras. 


No início frequentava como consulente, curtia tanto que não via a hora de chegar as sextas feiras para passar nas consultas e falar com os guias.
Fui cada vez mais sentindo a energia e me sentindo literalmente em casa.

Uma vez, em uma consulta com um dos guias, ele me disse que eu era médium e que precisava estudar para poder trabalhar na casa. Imediatamente quando saí da consulta já me escrevi no curso de teologia da umbanda. 
Fazer esse curso foi ótimo, pois aprendi muitas coisas que nem se quer conhecia. As sete linhas, os orixás, as linhas de trabalho, a mediunidade, a incorporação, a responsabilidade de ser médium, a função do cambone, etc. E também a prática da incorporação, como perceber a presença do guia, como se tornar disponível para que o guia trabalhe, as diferentes energias de cada linha e etc. (calma...calma que eu vou contar tudo isso nesse blog....rs)

Antes de acabar o curso, já fui convidada a ser cambone. Cambone é um trabalhador da casa que auxilia o médium durante os atendimentos. Ele é responsável por trazer os elementos que o guia necessita no trabalho, como velas, ervas, etc e ele anota os trabalhos receitados pelos guias para os consulentes, conforme necessidade de cada um.

Nessa fase, aprendi mais ainda, porque ficava atenta as consultas dos guias e em tudo que eles faziam. Fora que a energia dentro do congá é espetacularmente diferente e mais forte.

Ah..deixa eu te explicar, o congá é o altar de um terreiro de Umbanda. Ali estão imagens, estátuas, elementos, símbolos, velas, incensos e tudo o que representa as Linhas, os Tronos, os Orixás e os Guias de Lei da Umbanda, com exceção da Esquerda, pois essa linha fica firmada na Tronqueira, localizada no lado esquerdo da entrada do terreiro. 
Esses elementos captam as energias cósmicas e universais e as redirecionam para a casa, envolvendo todos ali presentes em sua luz. 

Congá


Tronqueira


Fiquei mais de um ano trabalhando como cambone, conhecia bem as linhas de trabalho, a maneira como cada médium conduzia seu atendimento, já estava bem familiarizada com as giras e os trabalhos.

Ops...você deve estar se perguntando, o que é uma gira?

A gira (ou jira) vem da palavra em quimbundo nijra, que significa “caminho”, “rota” ou “via”. Podemos compreendê-la como o caminho que nos levará em contato divino com todas as entidades da Umbanda. 
A gira de umbanda acontece como parte de um ritual maior. Este grande ritual, também conhecido como culto de umbanda é composto de vários processos. Precisamos estar vestidos de branco e, geralmente, nos colocar descalços. Receber a defumação, mentalizar boas energias, entoar cantos umbandistas, ou seja, precisamos nos preparar para que o nosso corpo esteja apto a qualquer tipo de chamado espiritual.

Assim como cultos de outras religiões, a gira de umbanda também tem suas particularidades. Podemos dividir a gira de umbanda em duas categorias, sendo a primeira a “gira aberta” e a segunda a “gira fechada”.

GIRA DE UMBANDA ABERTA
As giras abertas se concretizam como a grande maioria das giras umbandistas. Estas são abertas ao público em geral e promovem as assistências. Durante estas assistências, o público, através da ajuda dos auxiliadores e cambones, se aproxima dos médiuns no congá para pedirem conselhos e receberem ajuda espiritual.

GIRA DE UMBANDA FECHADA
Já as giras fechadas, também conhecidas como giras internas, são giras de umbanda destinadas aos médiuns e trabalhadores da casa. Geralmente destinadas a limpeza espiritual ou a algum trabalho específico.

Além das duas principais giras de umbanda, podemos também destacar as giras de cura, as giras de livramento ou giras específicas para algum orixá.




No próximo post vou te contar como me tornei médium e como foi esse processo.
Até lá.....

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