Os Orixás na Umbanda - Trono da Evolução

O Trono da Evolução é um dos sete Tronos essenciais que formam a Coroa Divina regente do planeta, e em sua projeção faz surgir, na Umbanda, a linha da Evolução, em cujo pólo magnético positivo, masculino e irradiante, está assentado o Orixá Natural Obaluaê, e em cujo pólo magnético negativo, feminino e absorvente está assentada a Orixá Nanã Buruquê. Ambos são Orixás de magnetismo misto e cuidam das passagens dos estágios evolutivos



Orixá OBALUAÊ

Obaluaê é o Orixá que atua na Evolução e seu campo preferencial é aquele que sinaliza as passagens de um nível vibratório ou estágio da evolução para outro. 
O Orixá Obaluaê é o regente do pólo magnético masculino da linha da Evolução, que surge a partir da projeção do Trono Essencial do Saber ou Trono da Evolução. 

Acredita-se que Obaluaê e Xapanã (1) são a mesma divindade por serem relativamente semelhantes, mas mesmo assim, com algumas diferenças. Enquanto Xapanã é o orixá que foi criado por ) Olodumaré (2) e desceu para o Aiê (3) para ajudar a criar o mundo, Obaluaê é o homem, que teve uma vida própria, normal, mas que se tornou orixá pelo seus poderes (iguais aos de Xapanã) e pela sua sabedoria. Outra teoria é que Obaluaê seria uma encarnação de Xapanã.
(1) Xapanã é um orixá oriundo de Empê, no território dos nupés, grupo étnico da Nigéria. Era um guerreiro terrível que, seguido de suas tropas, percorria o céu e os quatro cantos do mundo. Ele massacrava sem piedade aqueles que se opunham à sua passagem. Seus inimigos saíam dos combates mutilados ou morriam de peste.(2) A palavra Olodum é de origem yorubá e no ritual religioso do candomblé significa "Deus dos Deuses" ou "Deus maior", Olodumaré, que não representa um orixá, e sim, o Deus criador do universo e dele senhor. (3) 'mundo, terra, tempo de vida'. 

Este orixá possui total controle sobre as doenças, em que afasta este ajogum (4) da pessoa e das comunidades quando chamado, mas que também pode ser seu grande aliado quando decide punir alguém, por roubar, ser mau-caráter, etc. E principalmente pelas coisas que este orixá mais condena, que é o envenenamento, a mentira e a feitiçaria. Por este motivo, em terras africanas o ibá de Obaluaê (5) sempre fica afastado das cidades, para que este orixá não puna as pessoas que agirem de forma que ele decida que mereça uma punição. 
(4) Ajogun literalmente significa, “guerreiros contra o homem”, é um nome coletivo para oito coisas ruins: ikú (morte), àrùn (doenças), òfò (prejuízos), ègbà (paralesia), òràn (tribulações), èpè (pragas), èwòn (prisão), èse (preocupações de qualquer tipo), os quais os iorubás acreditam ser os mais importantes. (5) assentamento de Obaluaê. 

Mistérios cercam a vida do Orixá Obaluaê e seu caminho sempre foi cercado por despedidas e dor. Foi justamente por isso que tornou-se o Orixá das mazelas, saúde e cura. Ele sofreu em várias situações, desde seu nascimento, mas se curou em todas vezes e superou todas as adversidades. 
Orixá Obaluaê cresceu cheio de cicatrizes, e isso o deixava com vergonha. Como meio de esconder, ele passou a cobrir-se todo com palhas, ficando somente os braços e pernas de fora, motivo este dele apresentar sempre desta forma. 

A vestimenta de Obaluaê é feita de ìko, uma fibra de ráfia extraída do Igí-Ògòrò (6), também conhecida como palha da costa. É um elemento de grande significado ritualístico, principalmente em ritos ligados a morte e ao sobrenatural, pois sua presença indica que algo deve ficar oculto. 
(6) Palha da costa é a fibra de ráfia conhecida como ìko pelo povo do santo. É extraída de uma palmeira chamada Igí-Ògòrò pelo povo africano e que, no Brasil, recebe o nome de jupati, cujo nome científico é Raphia vinifera. 

A vestimenta de Obaluaê é composta de duas partes o “Filá” (7) e o “Azé“(8), sendo que a parte de cima, que cobre a cabeça, é uma espécie de capuz trançado de palha-da-costa, acrescido de palhas em toda sua volta, que ultrapassam a cintura. Já o Azé, seu asó-ìko (roupa de palha) é uma saia de palha da costa que vai até os pés, em alguns casos, ou, em outros, termina acima dos joelhos. Por baixo desta saia, vai um Xokotô, espécie de calça, sob a qual acredita-se estar oculto o mistério da morte e do renascimento. 
Esta vestimenta é acompanhada de algumas cabaças penduradas, as quais, segundo as lendas, carregam os feitiços e remédios do Orixá.  
(7) O filá é uma peça que compõe as vestimentas masculinas utilizadas nos trabalhos de umbanda e candomblé. Sua principal função é proteger a coroa/ori de quem o utiliza. (8) capuz de palha da costa enfeitado de búzios e com longas franjas. 

Os filhos de Obaluaê são, aparentemente, muito bem resolvidos. Escondem seu sofrimento com atitudes diretas e se desapegam de tudo, evitando, dessa maneira, sofrer ou causar sofrimento a quem os ama. Muitas vezes os amores e parentes sofrem mais que os próprios filhos do orixá, pois eles aguardam pacientemente a cura para todos estes males. 

Doburu é a comida ritual mais apreciada por Obaluaê. É o milho de pipoca estourado em uma panela, em alguns lugares com óleo ou azeite, em outros com areia. Neste último caso, é preciso peneirar a areia dessa pipoca depois de pronta. Ao final, a pipoca é colocada em um alguidar (vasilhame de barro) e enfeitada com pedacinhos de coco. 
A pipoca é utilizada também em rituais de curas milagrosas, jogando-as sobre os enfermos, promovendo, assim, um descarrego.

O sincretismo de Obaluaê ocorre com dois santos distintos da Igreja Católica, São Lázaro e São Roque, e ambos representam o “Médico dos Orixás”São Roque é o santo da Igreja Católica padroeiro dos enfermos, vítimas de peste e dos cirurgiões. E São Lazaro é o protetor dos leprosos e dos mendigos, que mesmo carregando diversas chagas em seu corpo não deixou de ter fé.

Obaluaê é homenageado no dia 6 de agosto. 
As suas cores são: preto, vermelho e branco.

A saudação à Obaluaê é Atotô Obaluaê que significa silêncio, e seu campo de força é o cemitério (calunga pequena). Por isso, seus trabalhos geralmente são entregues nos cemitérios.





Orixá Nanã Buruquê

Nanã Buruquê, Buruku, ou Buluku é a Senhora da Criação.
É um importante orixá feminino relacionado com a origem do homem na Terra. O seu domínio se relaciona com as águas paradas, os pântanos e a terra úmida. Do ponto de vista divino, sua relação com o barro, mistura de água e terra, coloca essa divindade nos domínios existentes entre a vida e a morte.
É respeitada como a mais velha das Yabás (orixá feminino). De temperamento brando, acolhe e orienta seus filhos, como uma grande matriarca de muita sabedoria. Ela representa a velhice, a experiência da vida e os aprendizados mais profundos. Seus domínios são os lagos, pântanos, lama e os encontros do rio com o mar.
Como é a senhora soberana da vida e da morte, ela é a guardiã do portal que fica entre essas duas dimensões. 
Nesse espaço ela limpa a mente dos espíritos desencarnados para que eles possam ficar livres de todo o peso e sofrimento que enfrentaram enquanto estavam vivos. É exatamente por isso que quando o ser humano envelhece, pouco a pouco, vai perdendo a memória. É Nanã nos fazendo esquecer e curando as dores dos humanos que peregrinam na terra.

Os grãos e as sementes também estão relacionados à orixá antiga. Como ela é uma yabá ligada à terra, possui uma estreita relação com a agricultura, com os cultivos de plantas e vegetais. No ciclo do plantio, sabe-se que para qualquer planta nascer, a semente precisa primeiro morrer para depois germinar.

Assim como as flores, que ela adora receber. Suas oferendas são batata doce, jabuticaba, ameixa e vinho licoroso rosé. Também são oferecidos efó (9) , mungunzá (10) , sarapatel, feijão com coco e pirão com batata-roxa. Essa comida traz para as pessoas muita força.
(9) espécie de pasta obtida de certas verduras como língua-de-vaca, taioba, mostarda etc., aromatizadas com camarão seco, malagueta e outros condimentos, e refogada em azeite de dendê, a que se pode acrescentar camarão fresco ou peixe. (10) Munguzá, mugunzá ou Canjica é uma iguaria doce feita de grãos de milho-branco ou amarelo levemente triturados, cozidos em um caldo contendo leite de coco ou de vaca, açúcar, canela em pó ou casca e cravo-da-índia.

Suas cores são, principalmente, o branco, o lilás e o azul anil. Em suas roupas ou nos acessórios sempre terá uma dessas cores. Já as contas dessa orixá, geralmente, são brancas com traços que também variam entre o azul ou o lilás.

Os Filhos de Nanã Buruquê são extremamente calmos e essa calmaria chega a gerar uma lentidão e uma paciência que a maioria das pessoas não sabe como lidar. Eles agem como se tudo tivesse muito tempo ainda para ser resolvido, como se a vida fosse eterna assim como o tempo. Por conta dessa característica, são vistos como almas velhas e são muito conscientes. 
Definitivamente a pressa não faz parte do vocabulário dos filhos de Nanã Buruquê. 
Apegados ao passado, tendem a não gostar de planejar o futuro. São absurdamente saudosistas e, por sempre se prenderem no passado, guardam rancor com facilidade e ficam remoendo o passado. 
Os Filhos de Nanã Buruquê têm um ótimo coração e são muito gentis e nunca desejam o mal ao outro.  Possuem afinidade em cuidar de crianças, e as tratam com muito zelo e doçura, como uma avó realmente faz. Amam sua família, são respeitáveis e possuem um ar majestoso. 
Os Filhos de Nanã Buruquê prezam muito pela verdade e, por isso, são muito sinceros e cometem o famoso sincericídio com frequência. Eles nunca deixam de dizer o que pensam independente da situação que seja, chegando a ferir pessoas sem ter a intenção. 
Ainda são pessoas justas e sábias, e procuram refletir muito sobre atitudes a serem tomadas. Amam com grande afinco animais e o próximo, são respeitáveis e carregam consigo um ar majestoso. Apesar de serem filhos da mãe Nanã, não são vingativos e conseguem controlar facilmente sua impetuosidade devido à sua calma.

O elemento de Nanã é o Ibiri é um apetrecho inerente a Orixá Nanã, indispensável em sua indumentária, geralmente visto no ibá (11) de Nanã. Confeccionado com nervura da folha do Iji opé e ichã, ornado com búzios, palha da costa, fio de conta e cabaça. ser usado para afastar os espíritos dos mortos da terra, os eguns.
(11) Ibá é uma palavra da língua iorubá que designa a cabaça que contém os objetos de culto e de adoração a um Orixá, muito utilizado nos assentamentos sagrados. Também serve de vasilha para incontáveis utilidades.

Quem deseja saudar a yabá Nanã deve dizer: Saluba Nanã, que significa “nos refugiamos em Nanã” ou ainda “salve a senhora da lama”.



Comentários

  1. Tata, seu blog está ótimo para rever os estudos aprendidos e sempre aproveitar para saber mais. Bj

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